Desde o início, enquanto muitas potências recebiam os irmãos Lumière, o Brasil teve que seguir por si só. Enquanto São Paulo produzia seus filmes na Companhia Cinematográfica Vera Cruz, no Rio as produções ficavam por conta da Atlântida Cinematográfica. A primeira exibição de que se tem notícia, aconteceu no dia 8 de julho de 1896. Apesar da sequência de filmes passada por Henri Paillie, somente a população mais rica do país pôde assistir. Os Irmãos Paschoal e Afonso Segreto (foto ao lado), foram extremamente importantes para a evolução do cinema brasileiro; enquanto Paschoal criava as salas cinematográficas, Afonso produzia longas-metragens. As primeiras produções brasileiras foram: Ancoradouro de Pescadores na Baía de Guanabara, Chegada do trem em Petrópolis, Bailado de Crianças no Colégio, no Andaraí e Uma artista trabalhando no trapézio do Politeama. De 1907 a 1911 surgiam os filmes de ficção e os cantados. Obras como Os Estranguladores de Franciso Marzullo, O Crime da Mala de Francisco Serrador e a comédia de Marc Ferrez, Nhô Anastácio chegou de viagem, estão entre as mais populares da época; algumas inclusive, chegaram a ganhar novas sequências.
No mesmo período, os filmes Paz e amor e O Guarany marcavam uma nova fase do cinema brasileiro, ao colocar atores dublando-se por trás da tela. Infelizmente, não há nenhum vídeo, ou mesmo informações detalhadas sobre essas produções criadas na década de 10. Com a chegada de imigrantes italianos, muitas obras literárias clássicas ganharam versões cinematográficas; Inocência de Vittorio Capellaro e Antônio Campos, O Guarani, A Viuvinha, Iracema e Ubirajara de Luiz de Barros, estão entre algumas das obras produzidas. Porém somente em 1926, com uma nova versão de O Guarani por Vittorio Capellaro é que viria o sucesso. Não muito longe do chamado "eixo Rio-São Paulo" outros Estados e suas capitais também investiam em suas produções; em Recife as filmagens ficaram por conta de Edson Chagas e Gentil Roiz e o filme Aitaré da praia. Em Porto Alegre e Minas Gerais nomes como Eduardo Abelin, José Picoral e Humberto Mauro merecem destaque. Nos anos 30, os grandes produtores mundiais destacavam-se, isso acarretou numa queda absurda nas produções brasileiras; por outro lado, o cinema falado trazia aos cineastas uma pontinha de esperança. Foi então que Luiz de Barros lançou Acabaram-se os otários seguido por Coisas nossas de Wallace Downey.
Essa nova fase impulsionou a criação de novas produtoras no Rio de Janeiro (Cinédia e Brasil Vita Filmes) além de valorizar o trabalho de Humberto Mauro que produziu Ganga bruta e Favela dos meus amores, considerados verdadeiros clássicos do cinema brasileiro. Além disso, muitas revistas relacionadas a cinema também foram criadas e vendidas até a década de 70. De 1930 a 1940 surgem os musicais, com destaque para Bonequinha de Seda; "Alô, alô, Brasil" e "Alô, alô, carnaval", os dois últimos contavam com a ilustre presença de Carmen e Aurora Miranda (foto acima). No final da década de 40 a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em São Paulo, produz Caiçara, Tico-tico no fubá, Sinhá moça, É proibido beijar, Na senda do crime, Candinho e Sai da Frente; o qual marcou a estreia de Mazzaropi (última foto) no cinema.
Apesar da boa sequência de produções, a Companhia foi a falência e viu-se obrigada a vender os direitos autorais do clássico O Cangaceiro para a Columbia Pictures, sem ganhar absolutamente nada pela primeira produção brasileira a fazer sucesso internacionalmente. Enquanto isso no Rio de Janeiro surgia a Atlântida Cinematográfica e as produções Moleque Tião, Carnaval no fogo, O Ébrio e as estrelas Grande Otelo e Oscarito (foto acima), Ankito, Mesquitinha, Cyll Farney, Anselmo Duarte, Eliana e José Lewgoy; além dos cantores Sílvio Caldas e Emilinha Borba. Em 1954 o diretor Carlos Manga produziu as sátiras Nem Sansão nem Dalila e Matar ou Correr e ganhou destaque no genêro conhecido como "Chanchada".
Na década de 50 o diretor Alex Viany e Nelson Pereira dos Santos produzem respectivamente Agulha no palheiro e Rio, 40 graus; ambos polêmicos. Em 1960 Glauber Rocha (foto ao lado), um dos diretores mais populares do mundo, começava a produzir seus longas-metragens. Filmes como Bahia de todos os santos, Trigueirinho Neto, Barravento e Deus e o diabo na terra do sol estão entre os mais famosos do cinema brasileiro e mundial. O novo estilo dos filmes brasileiros caracterizavam-se pela mistura do neorrealismo italiano com a nouvelle vague da França; Os Fuzis e Vidas Secas também fazem parte do movimento que recebeu o nome de "Cinema Novo". Posteriormente, com o golpe militar de 1964; Paulo César Saraceni e Gustavo Dahl basearam-se no futuro incerto do país com as obras O Desafio e O Bravo guerreiro. Além dessas vale ressaltar também O Dragão da maldade contra o santo guerreiro, Macunaíma, Os Herdeiros, e Os Deuses e os mortos. O gênero conhecido por Udigrudi ficou marcado pelos filmes: O Bandido da Luz Vermelha e "Matou a família e foi ao cinema".
Da década de 70 a década de 80, surgia a Pornochanchada (caracterizado pelo erotismo) e os filmes: Dona Flor e seus dois maridos, com a ilustre presença de Sônia Braga, de Bruno Barreto; A Dama do lotação de Neville d'Almeida; Lúcio Flávio, o passageiro da agonia de Hector Babenco; Eu te amo de Arnaldo Jabor e Xica da Silva de Cacá Diegues. Finalmente, em meados da década de 80 André Klotzel lançou A Marvada Carne, considerada uma das melhores produções da época; prova disso foram os onze prêmios no Festival de Gramado. Atualmente o cinema brasileiro aparece em grande destaque no contexto mundial, com produções de altíssimo nível, apesar das dificuldades financeiras e de um certo preconceito que ainda cerca o cinema nacional.
Fazer essa viagem pelo cinema mundial através dos tempos foi uma grande experiência. Várias pesquisas foram necessárias para buscar todas essas informações, e uma certa dose de "pecado" para elaborar os textos, pois certamente muitas obras deixaram de figurar neste trabalho. Seria necessário uma infinidade de páginas para falar sobre todas elas. Ainda assim espero que tenham apreciado este "especial" e sempre que possível compensarei esse "pecado" trazendo algumas dessas obras para o meu blog.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
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8 comentários:
''Fazer essa viagem pelo cinema mundial através dos tempos foi uma grande experiência.'' pra mim também!
Ah, é que eu sou uma pessoa muito complexa sabe! hehe, é por isso que tenho que ter dois blogs, é muito coisa para falar.
Visitar o blog só pra ficar ouvindo o playlist pode né ?
Coisa mais gostosa!
E concordo contigo, tem que passar lá no blog mais vezes guria!
besotes
Esta viagem para os leitores foi incrivelmente prazerosa... U deleite para os apaixonados por cinema... E fechou com ouro!!
Relembrar de meu pai e meu avô trazendo os filmes de Mazzaropi, Grande Otelo e Oscarito... Não tem preço!!!
Maravilha!!!!
;D
Está muito longe do "pecado" menina.. Que maravilha ler isso, que prazer sinto em saber um pouco mais.
robertavladya.blogspot.com
com certeza Rubi o cinema é tão vasto de coisas excelentes que nos deixa com aquele ar que ainda faltou mais alguma coisa, pouco tempo eu e meu marido vimos um filme de Mazzaropi... que delicia de humor viu, amei a musica da Carmem miranda!! Uau... que delicia de se ouvir.
Bjs e bom fim de semana!! ♥
Muito bacana essa sua viagem pela história do cinema, Rubi. Conseguiu pontuar os momentos mais importantes.
O Falcão Maltês
Que bom ver um post seu sobre a Vera Cruz, qdo eu assisto
algum filme antigo na tv a cabo sempre aparecem os créditos
para eles, acho q era uma potência daquela epóca.
E olha que as coisas eram mais difíceis naqueles tempos.
Aqui em Belo Horizonte tem uma sala super tradicional
que se chama Sala Humberto Mauro, que acontecem eventos
culturais como cinema e teatro, ou seja, a contribuição
dele foi primordial para o cinema de qualidade naquela
época.
Grande Otelo e Oscarito foram uma grande dupla da época
meu pai já assistiu mtos filmes dele e conta que eram
muito bons e engraçados. Eu sinceramente não vejo nada
parecido hoje em dia... os grandes se vão...
Dona Flor e Mazzaropi meu pai viu tudo kkkkkkkkkk
Esse ai ele ria com gosto. Era um humor de gente do
interior isso que vale rs
Bem Rubi não sei se vc já viu do Grande Otelo "Macunaíma"
Eu vi pois precisava fazer um trabalho. Sei lá, era
adolescente e confesso que não gostei, mto complexo rs
E depois não tive curiosidade de assistir de novo mesmo
todo mundo falando q é um clássico do cinema brasileiro.
Bem... vivencias de filmes bons e considerados não tão
bons assim... pelo menos por mim!
beijo
Renata
fico morrendo de vontade de ver todos esses filmes!
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