sexta-feira, 27 de abril de 2012

Mädchen in Uniform (1958) - Elenco

Blandine Loeser nasceu em 4 de novembro de 1899 na cidade de Berlim e tornou-se atriz e cantora sob o nome artístico de Blandine Ebinger. Sua vocação artística teve raízes vindas de sua própria descendência, o pai Gustav Loeser era pianista e a mãe Margarete Wezel atriz. Em 1917 fez sua estreia no cinema, no filme Der zehnte Pavillon der Zitadelle, seguido por Das Nachträtsel, Der Schatten gelbe, entre outros. No ano de seu vigésimo aniversário, conheceu Friedrich Hollaender, escritor e compositor de peças de cabaré que a conduziu aos palcos no ano seguinte, em 1920, nos cabarés Schall und Rauch e Café Gröbenwahn. Esta parceria levou-os ao matrimônio do qual resultou no nascimento do pequena Philine. O fato de Friedrich ter descendência judaica, obrigou-o a fugir para os EUA durante o regime nazista; Blandine por sua vez permaneceu em Berlim até 1937, quando resolveu partir para os EUA após sofrer todo o tipo de discriminação pelo seu envolvimento matrimonial e pela pequena Philine que trazia em suas veias o DNA judaico do pai.

Seu relacionamento com Friedrich (foto ao lado) nunca mais foi reatado e o casamento chegou ao fim; e em 1941 viu a filha casar-se com o ator Georg Kreisler de grande sucesso nas décadas de 50/60. Durante esse período, no entanto, continuou a trabalhar em produções cinematográficas até retornar definitivamente a Berlim em 1947. Em 1958, o diretor Géza von Radványi procurava montar de forma criteriosa o elenco do filme Mädchen in Uniform e convidou-a para interpretar Fräulein von Racket. Em 1961 mudou-se para Munique onde conheceu e casou-se com o editor Helwig Hassepflug. De volta para Berlim passou a trabalhar em programas de televisão e peças de teatro, surgindo pela última vez nas telas em 1985 na série Ich Heirate eine Familie. No dia  25 de dezembro de 1993, em meio as comemorações do Natal daquele ano, Blandine faleceu aos 94 anos de idade. Embora seu nome não seja mencionado com tanta ênfase no mundo artístico, Blandine é dona de uma extensa filmografia.


Outras atrizes (seguindo a ordem da imagem acima): Romy Schneider, Adelheid Seeck, Sabine Sinjen, Christine Kaufmann, Danik Patisson, Ginette Pigeon e Marthe Mercadier - Margaret Jahnen, Gina Albert,  Regine Burghardt, Ulla Moritz e Lou Seitz.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Lilli Palmer

No dia 24 de maio de 1914 em Posen, Prússia - Alemanha; nascia a pequena Lilli Marie Peiser que mais tarde surpreenderia o mundo com seu enorme talento artístico ostentando o nome de Lilli Palmer. Filha de Alfred Peiser, cirurgião alemão de origem judaica e Rose Lissman atriz austríaca de teatro judeu, Lilli adotou o sobrenome Palmer de uma atriz britânica da qual era fã. Aos 4 anos de idade, mudou-se para Berlim com os pais e as irmãs, onde mais tarde frequentou aulas de teatro até 1933. Com a opressão nazista, no mesmo ano, fugiu para Paris, onde passou a trabalhar em cabarés atraindo a atenção de observadores ingleses que lhe ofereceram um contrato para atuar na Gaumont Film Company, na qual fez a sua estreia no cinema em 1935 no filme Crime Unlimited. Em 1943 casou-se com o ator Rex Harrison, e dois anos mais tarde mudou-se para Hollywood onde assinou contrato com a Warner Brothers.

Participou de várias produções com grande destaque para Cloak and Dagger de 1946 sob a direção de Fritz Lang e Body and Soul de 1947 (Robert Rossen). Neste período inicial, periodicamente emprestava seu talento a peças teatrais e chegou a fazer parte de uma série de TV em 1951. Ainda no início dos anos 50 estrelou ao lado do marido a peça "Bell, Book and Candle" nos palcos da Broadway. Em 1953 teve seu primeiro reconhecimento ao ganhar o prêmio Volpi Cup for Best Actress (melhor atriz) por seu papel no filme The Four Poster. Apesar da cumplicidade artística e do filho Carey Harrison, seu casamento com Rex chegou ao fim em 1956 por conta dos incontáveis casos de amor extra-conjugais do marido; inclusive com Carole Landis que chegou a cometer suicídio com o fim de seu envolvimento com Rex.

(Foto ao lado: Lilli Palmer e Rex Harrison) Em 1954, retornou para Alemanha onde deu continuidade em sua carreira atuando em vários filmes e produções para TV, com destaque para o filme Feuerwerk no qual Lilli contempla seus fãs com seu talento musical na interpretação da canção "Oh mein Papa". Em 1957 foi contemplada com o prêmio Deutscher Filmpreis (melhor atriz) por sua atuação no filme The Story of Anastasia no papel de Anna Anderson. No ano seguinte, convidada pelo diretor Géza von Radványi, interpetou o papel da professora Fraeulein Elisabeth von Bernburg no filme Mädchen in Uniform, ao lado de Romy Schneider. A esta parceria, seguiram-se outras de igual importância tais como em Pleasure of His Company ao lado de Fred Astaire e Debbie Reynolds, The Counterfeit Traitor ao lado de William Holden e Miracle of the White Stallions com Robert Taylor numa produção da Disney. Em 1974 fez parte do elenco da minissérie televisiva The Zoo Gang lançada pela ITC Entertainment, ao lado dos atores Brian Keith, Sir John Mills e Barry Morse.

Em sua volta a Alemanha Lilli casou-se com o ator argentino Carlos Thompson em 1957 com o qual permaneceu casada até 1986 quando aos 71 anos faleceu vítima de câncer. Atriz de talento incomum nos palcos e no cinema, Lilli Palmer conquistou vários prêmios ao longo de sua carreira e revelava outras facetas como a de escritora e pintora; sua última participação nas telas do cinema foi em The Holcroft Covenant (1985), e na TV foi na série Peter the Great (1986). Apesar de suas origens, Lilli Palmer deixou sua marca registrada na Calçada da Fama de Hollywood.




 


Lilli Palmer segundo Lilli Marie Peiser
No livro Ciranda Cirandinha - A contradança de uma Vida, Lilli Palmer revela seu lado de escritora produzindo esta autobiografia relatando passagens divertidas de sua infância e juventude até ingressar no hall dos grandes atores. De uma forma eloquente regada de um bom humor incontido Lilli fala de suas amigas de infância e das traquinagens que aprontavam; revela momentos de dificuldades e superação durante a busca por seus ideais na adolescência e, em especial, do difícil relacionamento com o diretor Fritz Lang. A forma descompromissada com que ela descreve todos esses fatos tornam a leitura divertida e cheia de surpresas.  


 Eu já me considerava uma fã de seu trabalho, porém com a leitura desse livro Lilli conseguiu me cativar ainda mais não só pela grande atriz que se tornou mas também pelo exemplo de superação e dedicação numa época em que o simples fato de sua origem judaica torna-la um alvo da insanidade de um regime como foi o nazismo. Mesmo para quem não a conhece, recomedo este livro.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Theresa Giehse

Nascida Therese Gift no dia 6 de março de 1898, Theresa Giehse foi uma consagrada atriz alemã do  cinema e teatro durante a década de 20. Sua estreia nos palcos ocorreu em 1920 e seu talento nato conduziu-a as telas de cinema em 1928 com o filme Der Fremdenlegionär, seguido por Der Liebesexpreb, "Peter Voss, der Millionendieb ", Nacht der Versuchung, Die verkaufte Braut, Die Zwei vom Südexpress, Der Meisterdetektiv e Rund um eine Million. Entretanto, devido a sua descêndencia judaica, em 1933 viu-se obrigada a abandonar os teatros alemães e fugir para a Suíça com a chegada do nazismo.

Estabelecida em Zurique, deu continuidade a sua carreira artística trabalhando em pequenos cabarés, onde conheceu a, então, escritora Erika Mann com a qual fundou o cabaré Pfeffermühle. Algumas fontes indicam que Erika também estava exilada, e que curiosamente, teria se mudado para Zurique no mesmo ano em que Therese. Em maio de 1936, casou-se com o escritor homossexual John Hampson, com o objetivo de obter um passaporte britânico e, com isso, evitar a perseguição nazista. Ainda na Suíça, trabalhou em alguns filmes onde interpretou papeis de pouca importância até ser convidada por Hans Richter para atuar com destaque no curta Hans im Glück em 1937.

Em 1941, atuou na peça de Bertolt Brecht, Mother Courage no Schauspielhaus Zürich, e contracenou no filme Anna Karenina ao lado da consagrada Vivien Leigh (1948).Com o término da Segunda Guerra Mundial, retornou para sua terra natal onde deu continuidade a sua carreira artística, livre da submissão nazista, e em 1950 estrelou a segunda versão da peça Mother Courage and Her Children, desta feita no Munich Kammerspiele. Ao longo do período de 1950 a 1960 conduziu sua carreira teatral interpretando vários papéis principais, e emprestando seu talento a várias produções cinematográficas. Destacam-se neste período: Roman einer Siebzehnjährigen, Mädchen in Uniform (como a diretora), Petersburger Nächte, Sturm im Wasserglas, entre outros.  Sua filmografia conta com mais de 20 participações em produções em vários países da Europa e uma série de programas para TV. Em 3 de março de 1975, aos 76 anos de idade veio a falecer pouco depois de sua última aparição nas telas, no filme Black Moon. Em 1988, uma justa homenagem contemplou-a com um selo comemorativo em prol da Women in German history series.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Mädchen in Uniform (1958) - Senhoritas de Uniforme

Em 1958, distante da opressão do Regime Nazista, a Alemanha; agora dividida em Oriental e Ocidental; desfrutava de novas experiências impostas pelos modelos políticos: parlamentar na sua porção ocidental e socialista em sua porção oriental. Em meio a esse novo cenário, o diretor húngaro Géza von Radványi reuniu um elenco de estrelas para a refilmagem do clássico Mädchen in Uniform tanto hostilizado pelo Regime Nazista. O filme apresentava a atriz Romy Schneider como Manuela von Meinhardis, Lilli Palmer como Fraeulein Elisabeth von Bernburg, Therese Giehse interpretando a diretora, Blandine Ebinger como Fräulein von Racket, Sabine Sinjen como Ilse von Westhagen, Danik Patisson como Alexandra von Treskow e Ginette Pigeon no papel de Edelgard von Kleist. A história segue o mesmo princípio da versão original, trazendo de volta a discussão sobre o tema homoerotismo; desta vez porém, com pequenas "grandes" mudanças. Na versão da diretora Leontine Sagan o clímax do filme girou em torno da professora Elisabeth que nutre uma certa atração pela aluna Manuela; já na versão de Radványi há uma inversão de papéis, é Manuela quem se apaixona por Elisabeth.

Outras mudanças também são observadas com relação à maior participação das amigas de Manuela no contexto da história tais como Edelgard, que se revela como sendo sua melhor amiga, Ilse que continua sendo a mais extrovertida do grupo, e a insuportável Alexandra que se contrapõe a Manuela como sua ardilosa rival. Assim como na primeira versão o elenco é composto somente por mulheres, porém a mudança no contexto pode ser atribuída a necessidade de abordar o tema de uma forma mais sutíl onde a aluna se apaixona pela professora, algo até passível de acontecer. Entretanto, talvez para causar o mesmo impacto no público a cena do beijo é mantida desta feita com a total iniciativa de Manuela; além da cena do beijo durante a apresentação da peça teatral.

Guardada as devidas proporções, que a própria distância do tempo entre as duas versões, cada qual reserva os papeis principais a atrizes de primeira grandeza em suas épocas. Curiosamente, ao contrário de Dorothea Wieck e Hertha Thiele, que trabalharm juntas em outra produção após Mädchen in Uniform, Lilli Palmer e Romy Schnieder também o fizeram no filme Feuerwerk (uma comédia musical), porém antes da obra de Radvànyi.


Bastidores: Lilli Palmer, "A arte imita a vida" - A exposição em Postdam.
Em uma publicação rememorando suas aventuras e desventuras no mundo do cinema (Ciranda Cirandinha, a Contradança de uma Vida), Lilli Palmer confessou que quando criança passou por uma experiência semelhante a de Manuela, apaixonou-se por uma de suas professoras e também tinha uma certa "Alexandra" em sua vida. No mesmo ano de sua produção, Mädchen in Uniform de Radványi concorreu ao Urso de Ouro no 8th Berlin International Film Festival. O filme alcançou tamanha popularidade, que a cidade de Postdam (cidade do leste da Alemanha) contemplou os fãs com uma exposição composta pelo figurino do filme e quadros retratando passagens do mesmo.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Mädchen in Uniform (1931) - Elenco

Nascida Ellen Schwanneke no dia 11 de agosto de 1906, Ellen foi uma atriz alemã filha do ex-soldado da Primeira Guerra Mundial, Viktor Schwanneke, consagrado ator e diretor de teatro do Estado da Baviera. Iniciou sua carreira atuando por uma empresa de turismo pela qual viajava por toda Europa. A partir daí, viajou para Hamburgo, onde conseguiu seu primeiro trabalho permanente. Posteriormente voltou para Berlim, juntamente com seu pai, onde passou a atuar em vários cabarés e casas de shows. Em 1931 marcou sua estreia no cinema, ao ser convidada por Leontine Sagan a fazer parte do elenco do filme Mädchen in Uniform, seguido por Kadette e Kinder vor Gericht, ambos no mesmo ano. Em meados da década de 30, apareceu em: Ein toller Einfall, Unmögliche Liebe, Fräulein Hoffmanns Erzählungen, Königswalzer, Arme kleine Inge e Kein Wort von Liebe. Em 1937, estabeleceu-se em Viena, porém permaneceu no local por apenas dois anos, quando se viu obrigada a fugir para Suíça devido a invasão das tropas alemãs. Enquanto isso, nos EUA, o ator e diretor William Castle, após descobrir o talento de Ellen através de trabalhos divulgados pela mídia, convidou-a para atuar em território norte-americano e por fim em 1944, tornou-se cidadã americana. Com o término da guerra, retornou para Suíça onde continuou com suas atuações no cinema e teatro, até encerrar sua carreira com o filme Morgen ist alles besser em 1948. Faleceu no dia 17 de junho de 1972 próximo ao seu 66º aniversário.


Margaret Louise Hedwig Ottilie Reschke nasceu em 24 de abril de 1911, adotando o nome artístico de Ethel Reschke, foi uma consagrada atriz alemã que fez sua carreira entre 1931 e 1971, tendo atuado em cerca de 40 filmes. Filha de um professor de canto, passou a infância e juventude em Kolobrzeg, na Polônia; porém por conta da simpatia que seu pai demonstrava ao povo judaico, este perdeu o emprego e mudou-se para Berlim. Seus pais acalentavam o sonho de que a filha seguisse seus passos e optasse por tornar-se professora, porém a pequena Ethel teve aulas de interpretação com Leontine Sagan que lhe deu um pequeno papel no filme Mädchen in Uniform (1931). No entanto, foi no teatro com a peça Dreigroschenoper (A ópera dos três vinténs) de Bertolt Brecht que alcançou seu primeiro grande sucesso.

Durante o período da Segunda Guerra Mundial, Ethel participou das produções que enalteciam o governo nazista: Im Namen des Volkes (1939), Stukas (1941), Sechs Tage Heimaturlaub (1941) e Ein schönerTag (1943), porém ainda esteve presente em dois filmes do diretor Helmut Käutner: Romanze in Moll (1943) e Grobe Freiheit Nr. 7 (1944). Com o fim da Guerra, Ethel voltou-se para apresentações em cabarés até 1948 quando despertou o interesse de Günter Neurmann; importante ator, cantor e comediante de cabarés que a convidou para atuar ao seu lado; interpretando várias canções a cada nova apresentação. Voltando a carreira cinematográfica, refez a parceria com Helmut no filme Der Hauptmann von Köpenick (1956) ao lado do ator Heinz Rühmann. A partir dos anos 60 passou a participar com frequências de produções para TV, contemplando seus admiradores com uma última aparição no filme The Late Show em 1977. Além de seus trabalhos frente as câmeras, emprestou a sua voz para várias dublagens, dentre elas: Wo ist Papa?, Das Privatleben Heinrichs VIII e Höllenfahrt nach Santa Fé. Estabelecida em Berilm, em seus últimos anos de vida, veio a falecer no dia 5 de junho de 1992.


Outras atrizes: Marte Hein, Hedwig Schlichter, Lene Berdolt, Lisi Scheerbach, Margory Bodker, Erika Mann (que deixou as filmagens antes do término), Else Ehser, Ilse Winter, Charlotte Witthauer, Erika Biebrach, Annemarie von Rochhausen, Ilse Vigdor as Anneliese, Emilia Unda, Barabara Pirk, Gertrud de Lalsky e Doris Thalmer.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Hertha Thiele

Em 8 de maio de 1908, nascia em Leipzig, Alemanha, a pequena Hertha Thiele atriz de teatro e cinema. Começou sua carreira artística aos 20 anos como atriz de teatro em sua cidade natal; e devido ao seu desempenho no palco recebeu o convite para interpretar o papel principal no filme Mädchen in Uniform (1931) que vinha de uma adaptação teatral. Protagonista de vários filmes polêmicos na Alemanha nazista do Terceiro Reich, tornou-se famosa, principalmente, com a personagem Manuela em Mädchen in Uniform; uma garota órfã de 14 anos, insegura em suas convicções, que se apaixona pela sua professora. A divulgação e distribuição internacional da obra, repentinamente transformaram-na numa estrela, levando-a a receber milhares de cartas de fãs em sua grande maioria, do público feminino. Em 1933, a exemplo de Dorothea Wieck; com quem já havia contracenado dois anos antes, assumiu o papel da freira Emma no filme Elisabeth und der Narr. No mesmo ano, em parceria com a amiga Dorothea, protagonizou o filme Anna und Elisabeth, onde o assunto envolvendo a temática lésbica foi novamente abordada; porém com severas restrições do governo nazista, o filme foi proibido em território nacional.

Paralelamente, permaneceu com seu trabalho junto ao teatro nas peças de Max Reinhardt: Harmonie e Veronika, 1932 e 1935, respectivamente. Sua carreira sofreu um revés quando o governo convocou-a para participar de uma campanha de divulgação do Regime Nazista, e apesar de todos os conselhos, abdicou dessa ideia pois afirmava categoricamente ser contra as doutrinas do Regime. Com essa postura, passou a ser excluída de várias produções e finalmente em 1937, deixou o país buscando novos horizontes na Suíça. Após o término da guerra, voltou para Alemanha e tentou, sem éxito, retomar a sua carreira artística; desiludida, regressou para Suíça onde passou a exercer a profissão de enfermeira.

Em 1966, já com a divisão da Alemanha, estabeleceu-se no lado Oriental onde retomou a carreira artística trabalhando em produções teatrais e diversas séries para a televisão. Seus filmes passaram a ser divulgados na nova Alemanha, o que lhe rendeu um documentário especial para TV em homenagem aos seus trabalhos. Casou-se por mais de uma vez, com destaque para seu relacionamento com o ator Heinz Klingenberg. Apesar da notória popularidade que suas personagens lhe trouxeram, sempre lamentou o fato de nunca ter tido a oportunidade de interpretar uma cena de amor com um homem, pois a imagem criada por suas personagens construiu uma certa rejeição junto aos atores da época, impossibilitando-a de realizar esse desejo. Ao longo de sua trajetória artística, foi contemplada com os prêmios: Art Prize of East Germany, National Prize of East Germany e Fatherland Service Order; curiosamente todos na Alemanha Oriental. Em 5 de agosto de 1984, faleceu aos 76 anos de idade.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Dorothea Wieck

No dia 3 de janeiro de 1908, nascia em Davos na Suíça, a pequena Dorothea Wieck, que despontou para o teatro e cinema da Alemanha. Apesar de viver a maior parte de sua infância na Suíça, somente aos 12 anos de idade, em Berlim, começou a dar os seus primeiros passos rumo a carreira artística, aprendendo a arte da dança com a professora Maria Moissi. Contudo foi em Viena que fez sua estreia no teatro nas peças de Carl Zuckmayer e Ferenc Molnár. Em 1926, descoberta pelo diretor Franz Seitz fez sua estreia no cinema mudo no filme Heimliche Sünder; participando de vários outros filmes do gênero. Em 1931, finalmente alcançou status de popularidade ao protagonizar a professora Fräulein von Bernburg, na obra de Leontine Sagan: Mädchen in Uniform. O desempenho de sua atuação no filme, propiciou-lhe a oportunidade de assinar contrato com a Paramount Pictures permitindo-lhe participar de outras produções num total de quase 50 filmes.

Dentre a sua vasta filmografia, além de Mädchen in Uniform, onde realmente fez parte de uma obra cheia de ousadia que gerou censuras do governo alemão, destacam-se ainda as películas: Miss Fane's Baby Is Stolen (comédia baseada no caso Lindbergh) e Cradle Song (onde interpreta a freira Joanna, ao lado de Evelyn Venable). Infelizmente, com o início da Segunda Guerra Mundial, acusada de praticar espionagem , foi obrigada a retornar para Alemanha, onde deixou bem claro a sua aversão ao regime nazista o que prejudicou sensivelmente a sua carreira artística. Isto forçou-a a aceitar papeis coadjuvantes pouco expressivos, o que a levou a optar pela carreira de diretora teatral no Deutsches Theater. Decepcionada, encerrou sua carreira no início da década de 60, porém, manteve a chama artística na alma dedicando-se a ensinar novos talentos abrindo sua própria academia de ensino em Berlim. Ao longo da carreira, Dorothea foi contemplada com alguns importantes prêmios de crítica tais como o Film Ribbon in Gold pela Deutscher Filmpreis (1973). Em relação a sua vida pessoal, pouco se sabe além do fato de ter se casado com Ernst von der Decken. Aos 78 anos de idade, no dia 19 de fevereiro de 1986, Dorothea Wieck encerrou sua passagem entre nós e seu corpo foi sepultado no Friedhof Heerstrabe Cemitery, em Berilm.

Fazem parte de sua filmografia: Ich hab mein Herz in Heidelberg verloren, Die kleine Inge und ihre drei Väter, Klettermaxe, Valencia, "Mein Heidelberg, ich kann Dich nicht vergessen", Sturmflut, Ein toller Einfall, Teilnehmer antwortet nicht, Gräfin Mariza, Anna und Elisabeth, Liselotte von der Pfalz, Der Student von Prag, Das seltsame Leben des Herrn Bruggs, entre outros.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Mädchen in Uniform - Senhoritas de Uniforme (1931)

Em 1931 a diretora Leontine Sagan levou as telas o filme Mädchen in Uniform (Senhoritas de Uniforme), baseado no romance de Christa Winsloe. Estrelado por Hertha Thiele e Dorothea Wieck, o filme gira em torno da pequena Manuela von Meinhardis (Hertha Thiele), uma garota órfã, que aos 14 anos de idade,é levada ao internato pela sua tia. Ao ser integrada ao convívio de seu novo lar, Manuela conhece a divertida Ilse von Westhagen (Ellen Schwanneke) e suas amigas Oda von Oldersleben (Ethel Reschke) e Barbara von Beckendorf (Ilse Vigdor). Alertada pelas novas amigas sobre a professora Elisabeth, a qual todas tratavam por Fräulein von Bernburg (Dorothe Wieck), Manuela fica curiosa após ouvir comentários sobre ela. No vestiário, ao receber o seu uniforme bordado com as iniciais E.v.B, questiona sobre a antiga dona do uniforme, ao que a costureira responsável pela entrega conta-lhe uma estranha história. Segundo ela, o uniforme pertencia a uma garota que havia se apaixonado pela professora Elisabeth von Bernburg. Curiosamente, somente quando passou a usar o uniforme teve seu primeiro encontro com Fräulein von Bernburg.

Ao longo da história, Manuela vive as mais engraçadas situações provocadas por suas amigas, sempre tomando o cuidado de não provocar a ira da diretora Fräulein von Nordeck (Emilia Unda) e sua fiel assistente (Marte Hein). O filme que a princípio aponta para uma comédia juvenil toma outros caminhos quando aborda os conflitos de identidade da jovem Manuela e seu envolvimento com as personagens que a cercam.


Bastidores: Inovador e polêmico - A Censura na Alemanha Nazista
Inovador e polêmico para sua época, Mädchen in Uniform foi o primeiro filme a contar com um elenco totalmente feminino, ousando abordar nas telas um tema tão delicado como o homoerotismo (atração erótica entre membros do mesmo sexo). O filme causou alguns impactos em grupos de lésbicas que foram abafados pelo grande sucesso alcançado pelo mesmo. Mädchen in Uniform alcançou grande sucesso fora da Alemanha, principalmente na Romênia, recebendo prêmios como: Best Technical Perfection no Festival de Cinema de Veneza e Melhor Filme de Língua Estrangeira no Kinema Junpo Award em 1932 e 1934, respectivamente.

Porém, o regime nazista considerou a obra decadente e tentou destruir todas as cópias disponíveis pelo país, além de perseguir todos os produtores e atrizes com descendência judaica. Apesar disso, o filme abriu espaço para que novas produções, abordando o mesmo tema, fossem produzidos nos anos que se seguiram, sobretudo a obra Anna and Elisabeth de 1933, novamente com Hertha e Dorothea no elenco. Conta-se que em 1949 Dorothy Bussy inspirou-se na história do filme para a produção de seu livro Olivia. A obra de Leontine Sagan permaneceu censurada até a década de 70 em território alemão, tendo sua exibição liberada novamente em 1977 por alguns canais de televisão.

Por fim, em 1994 foi lançada em vídeo nos EUA e em 2000 no Reino Unido. Neste intervalo de severa censura, em 1958 a história ganhou uma segunda versão para o cinema sob a direção de Géza von Radványi com algumas mudanças significativas no roteiro, tendo nos papeis principais Romy Schneider (Manuela) e Lilli Palmer (Fräulein von Bernburg).
 
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